sexta-feira, 16 de abril de 2010

J U N G

Continuando nesse assunto de educação infantil, gostaria de deixar com vocês alguns trechos de um livro que estava lendo sobre JUNG escrito pela autora Nise da Silveira.

São colocações muito pertinentes, pois acredito como diz no texto que o aprendizado das crianças se dá mais no nível do inconsciente, pois como explicar coisas que as crianças fazem e que nem explicamos e por outro lado são tão parecidas com nossas atitudes e maneira de ser. As crianças têm esse dom de captar no ar tudo o que passa ao seu redor.

E nós temos que ficar atentos ao que se passa em nosso intimo, e tentar melhorar não para sermos perfeitos, mas para vivermos melhor e para podermos ajudar nossas crianças a serem adultos bem resolvidos.

“O que educa fundamentalmente a criança é a vida dos pais.

A criança identifica-se com o ambiente onde vive, e de modo especial com os pais.

As dificuldades familiares refletem-se inevitavelmente na psique da criança. A criança faz de tal maneira parte da atmosfera psicológica dos pais que problemas secretos entre eles podem influenciar profundamente sua saúde. E o mais grave é que os esforços de controle por parte dos pais para não exteriorizarem perante os filhos seus conflitos íntimos adiantam pouco, porque a comunicação de filhos com pais se realiza por vias inconscientes.

Quanto menos os pais aceitem seus próprios problemas, tanto mais os filhos sofrerão pela vida não vivida dos seus pais e tanto mais serão forçados a realizar tudo quanto os pais reprimiram no inconsciente. Não é que os pais tenham que ser perfeitos a fim de não exercerem efeitos deletérios sobre seus filhos, pois se os pais fossem perfeitos, seria uma verdadeira catástrofe. Os filhos se sentiriam aniquilados por um sentimento de inferioridade moral ou fariam grandes tentativas para copiá-los.

A única coisa que pode salvar as crianças desses danos é o esforço dos pais para não fugir as dificuldades psíquicas da vida por meio de manobras falsificadoras ou permanecendo artificialmente inconscientes, mas aceitando-as como tarefas, sendo honestos com eles mesmos tanto quanto possível e deixando cair um raio de luz nos cantos mais escuros de suas almas.

Evidentemente os mestres, ao lado dos pais, desempenham papel muito importante nesta fase de educação das crianças pelo exemplo. As crianças possuem um instinto espantoso para descobrir as insuficiências do educador. O pedagogo deveria estar atento ao seu próprio estado mental para verificar de onde provem as dificuldades que encontra com as crianças que lhe são confiadas. Pode muito bem acontecer de ser ele a causa inconsciente do mal.

Portanto, pais e mestres são chamados a se conhecerem a si próprios, a se educarem a si próprios. Os métodos, as experiências antigas e as novíssimas no campo da educação dependeram e dependerão sempre, em primeiro lugar, daqueles que as conduzem.”